Eu sigo a Jesus, não a uma religião!

Quando se encontram “contra a parede” em uma conversa sobre a variedade de denominações existentes ou quando querem parecer mais evoluídos espiritualmente (seja lá o que isso quer dizer), cristãos amam se considerar simples seguidores de Jesus. Afirmam que não seguem a uma religião, mas sim a Jesus e que possuem um relacionamento pessoal com ele. O que será que isso quer dizer?

Este tipo de pensamento tem se tornando muito popular no meio de evangélicos protestantes fundamentalistas nos dias de hoje. Eles sentem a necessidade de diferenciar seu sistema de crença dos de outras religiões e repudiam qualquer rótulo denominacional.

Segundo os seguidores de Jesus, religião é quase um sinônimo de trabalho em troca de justificação no qual eles se tornam justos na base de suas atitudes e ações que, de acordo com seu ponto de vista, todas as religiões têm em comum, exceto a deles próprios.

Afirmar que é um “seguidor de Jesus” cria uma sensação de distinção em relação a outros sistemas de crença pois eles consideram sua justificação como um presente de Deus baseados na pessoa e no trabalho de Jesus (que por sua vez, eles usam como evidência para afirmar o porque o evangelho cristão é o verdadeiro). Este ponto de vista também fornece liberdade em outras três frentes:

1. Liberdade de escolher (conscientemente ou não) o que acreditar ao invés de ficarem presos a confissão de fé de uma denominação ou catequismos. Estas, segundo eles, são interpretações feitas por homens e não a palavra de Deus propriamente dita. Eles, do outro lado, se gloriam da Bíblia somente. Só que ironicamente, a mesma é uma confissão feita por homens.
2. Argumentos apologéticos para explicarem a existência das milhares e milhares de seitas e denominações conflitantes dentro do universo cristão. Estes, segundo eles, são doutrinas feitas por homens pecadores que não querem/queriam simplesmente “seguir a Jesus” mas, por causa de interesses internos,
3. Remoção de responsabilidade. Pensando desta forma eles podem ir de igreja a igreja, acreditando nisso ou naquilo, definindo por si mesmos o que o Cristianismo realmente é e nenhuma autoridade eclesiástica pode lhes dizer que estão certos ou errados porque eles são simplesmente seguidores de Jesus com todo seu coração.

No final das contas este pensamento encontra forças em arrogância e orgulho. Ele ignora os grandes teólogos de tempos antigos dos quais as confissões de fé e denominações nasceram e dizem que eles, os simples seguidores de Jesus, sabem mais.

Sentados em suas poltronas, vestindo qualquer roupa de marca cristã que esteja na moda, lendo o status do Facebook do seu pastor enquanto ouvem a musica cristã do momento, eles realmente acreditam que sabem mais do que aqueles que vieram antes deles. Se parassem, mesmo que fosse por um segundo sequer, abrissem o dicionário e refletissem no que este posicionamento realmente quer dizer, perceberiam que também estão inseridos em uma religião.

“Ninguém acredita no que a bíblia diz de fato, todos acreditam no que acham que a bíblia diz” – Bernard Shaw